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E se o “momento certo” nunca chegar?

  • alinebmariano7
  • 5 de jun.
  • 4 min de leitura

Talvez ele nunca chegue. Talvez ele esteja acontecendo agora mesmo. Talvez você espere tanto que, quando chegar, tudo aquilo que você desejava já não faça mais sentido. Mas o ponto é: talvez você seja incapaz de enxergá-lo, mesmo que ele esteja ali — na ponta do seu nariz.

 

A gente espera. Espera trabalhar menos para voltar a fazer exercícios físicos. Espera terminar a pós-graduação para parar de comer bobagens ao longo do dia. Espera mudar de cidade para, só então, caminhar ao ar livre. Espera morar num apartamento (ou casa) maior para ter um canto da leitura e, então, ler mais. Espera se reconectar e aceitar a si mesmo antes de fazer novos amigos. E espera... sabe-se lá mais pelo quê.

 

A gente espera. E chega uma hora que já nem sabemos mais quando ou por onde começar. O tempo nos engoliu, as oportunidades passaram e “aquele momento” não volta mais. Porque passamos tanto tempo criando expectativas irreais sobre um amanhã mais leve, mais calmo, mais organizado — um amanhã onde finalmente seríamos a nossa melhor versão, que a gente se perde.

 

A gente quer equilíbrio: entre saúde física, mental, espiritual, trabalho, vida social... uma equação onde tudo funcione proporcionalmente. Mas — e aqui entra o ponto que tenho aprendido com a vida e com um pouco de Freud na bagagem — o erro talvez esteja justamente aí. Afinal, que tal de equilíbrio é esse?

 

A vida que eu conheço é, essencialmente, um grande e desbalanceado desequilíbrio. Vários pratinhos com pesos diferentes e medidas diferentes que tentamos encaixar em rotinas desconstruídas, cheias de emergências e caos. E tentar que tudo caiba em uma rotina única, diária e perfeitamente estruturada, é a certeza de surto coletivo e horas de terapia. Já adianto: não vai dar certo.

 

Você pode tentar acordar às quatro da manhã, que ainda assim não haverá tempo para tudo no mesmo dia: meditação, casa, filhos, trabalho, alimentação saudável, autocuidado, estudo... tudo feito com atenção plena, carinho e qualidade? Impossível. E é aqui que entra o tal desequilíbrio funcional.

 

O desequilíbrio funcional é esse jogo de pesos e contrapesos que respeita o agora. É dar mais a um lado sem, necessariamente, abandonar os outros. É se permitir viver do jeito que dá, respeitando o seu momento. Sem deixar de se cuidar e curtir a vida. E, claro, sem se cobrar demais – que é o pulo do gato.

 

Quando comecei a ADDOIS, eu me exercitava menos, lia menos, saía menos. E trabalhava o tempo todo, inclusive aos finais de semana: planejando, executando e organizando. Hoje, eu consegui, finalmente, inverter um pouco as ordens e flexibilizar mais a agenda. Mas foi (e ainda é) num descompasso contínuo e desequilibrado de um caos iminente, persistente e (talvez) eterno.

 

E olha que mesmo no desequilíbrio eu falho. E falhei. Falhei nos meus hobbies - que são capazes de alimentar não o meu bolso e nem meus atributos estéticos, e sim a minha alma. Essa tal que a gente esquece de tempos em tempos.

 

Meu blog é o meu maior hobby, e o meu xodó mais precioso. Ele é uma parte da minha essência mais profunda, compartilhada com quem quiser ler. Esse blog nasceu como um refúgio, uma forma de dar voz às maluquices da minha mente. Tornar o caos eloquente. Organizar, na medida do possível, a desordem dos pensamentos. E, ironicamente, é quando tudo fica mais caótico que eu paro de escrever.

 

Porque o tempo todo queremos fechar ciclos na velocidade da luz. A gente quer ter uma ideia, colocá-la em prática e, semanas depois (sim, semanas), já começar a ganhar dinheiro. Ganhar dinheiro. Ter respostas. Ter tudo pra ontem. E com isso, o processo — o sonho, o rascunho, o caminho — perde espaço. E a vida, que deveria ser construção, vira cobrança.

 

Não sei você, curiosa, mas esse é um mundo em que eu não quero viver. Eu quero construir, quero celebrar, quero dançar e me divertir durante o processo. O tal rir e sorrir que eu tanto falo. E não quero ter que deixar para curtir a vida depois. Não quero esperar ter dinheiro para curtir um sábado à tarde sem culpa. Não quero esperar ter uma empresa bem-sucedida para começar a fundamentar outros projetos que eu amo. Não quero esperar. Quero viver o agora.

 

Sempre o agora.

 

Talvez o momento certo não tenha hora marcada. Talvez ele só exista quando a gente para de esperá-lo e começa com o que tem, do jeito que dá. Porque viver é isso: uma dança descompassada entre o ideal e o possível.

 

E se tudo for mesmo desequilíbrio — que seja um desequilíbrio com graça. Um tropeço que ensina. Um silêncio que acolhe. Um esforço que, mesmo sem aplauso, ainda faz sentido.

 

Porque, no fundo, é esse movimento imperfeito que nos mantém vivos. Em construção. Em presença. Em poesia.

 

Vamos viver, curiosas?

 
 
 

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4 comentários


sosobsouza
11 de jun.

Sempre fui aquela que “ tentava “ planejar tudo. Trabalho, metas, carreira profissional, cursos . O noivado , casamento, a compra tão sonhada do primeiro “imóvel “ . Planejamos a gestação , e chegamos a planejar até a segunda gestação … E então fui surpreendida ao 34 anos com um CA de mama metastático , foi aí que percebi que viver o hoje , nunca foi tão necessário. Sim , continuar com sonhos e metas, mais não deixar que elas passe por cima do AGORA ! Viver … não apenas estar vivo ( aquela frase tão clichê ) rs . Viver com quem amamos, valorizar os pequenos momentos tendo em mente ainda o futuro, mais jamais se esquecer do mel…

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alinebmariano7
06 de ago.
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É isso, querida! Temos que viver o agora. E parabéns por sua luta constante, mantendo o otimismo sempre. Força em suas lutas! <3

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monica.counago2014
11 de jun.

Exatamente,eu costumava deixar o "sonho" para depois,o projeto" para depois, e eu mesma para depois. Esse ano resolvi priorizar as coisas que deixei para depois, claro sem esquecer da minha base. Tirei o ano para investir naquilo que por muito tempo deixei para " amanhã ". É um processo de mudança longo,doloroso, pois da aquela sensação de que "poxa só estou pensando em mim". Mas sei que quem está comigo. Está torcendo por meu sucesso e vitória. Quando eu conquistar meu principal objetivo volto aqui pra contar. Mesmo que leve mais tempo do que eu espero.🙏🏻😘

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alinebmariano7
06 de ago.
Respondendo a

É isso! Vivemos o hoje do jeito que dá! Tenho certeza que, em breve, seus sonhos vão ser alcançados. Só não esqueça de celebrar as vitórias no meio do caminho - elas são tão importantes quanto o "chegar lá". E volte pra contar, sim! Eu quero saber. <3

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