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"Nunca dependa de homem nenhum na sua vida, minha filha..." - mãe.

"Nunca dependa de homem nenhum na sua vida, minha filha". Que forte, não? Quem me disse essa frase foi a minha mãe, quando eu devia ter por volta de três anos de idade, e eu lembro de cada detalhe [o que é absolutamente inacreditável, porque a minha memória costuma ser péssima]. Eu estava brincando com um jogo de panelas de brinquedo, branco e cor de rosa, debaixo da pia da cozinha - que ainda estava sem o móvel acoplado. A minha mãe estava em pé, lavando a louça e, provavelmente, estava chateada com algo que meu pai havia feito. E foi assim, despretensiosamente, que ela me disse a frase que determinou toda a minha vida. 

 

"Nunca dependa de homem nenhum na sua vida, minha filha". Ela se referia à dependência financeira, mas para mim nunca foi só isso. Foi emocional, também. Aliás, especialmente emocional. No dia, eu não respondi nada, mas hoje eu teria dito – “Tá bom, mãe, pode deixar”.  

 

Ah, mas não vale só para homens (claro). Vale para tudo e para todos!  

 

Essa frase e essa cena passam como um filme na minha cabeça até hoje e, às vezes, parece até um alarme disparando, toda vez que eu percebo que alguma coisa está caminhando para eu sair da rota. - “Opa, sinal vermelho. Essa decisão pode fazer essa pessoa achar que você depende dela. Para tudo”. E eu paro. 

 

Essa frase me fez ser prática, calculista e independente. Ela me levou a uma vida que eu precisei ser autossuficiente e provedora das minhas próprias vontades e sonhos. Eu não dependo de ninguém, eu não preciso da permissão de ninguém e tenho alma e coração livres para viver a minha própria vida. 

 

Essa frase me fez perceber que quando eu encontrasse alguém especial, seria para fazer parte de uma vida que já estava completa, que ninguém viria para ser alicerce de nada, porque eu seria o meu próprio alicerce. Eu me bastaria financeiramente e emocionalmente. 

 

Essa frase construiu a minha história de amor comigo mesma. 

 

Eu não acho que eu sou a mulher mais linda do mundo (óbvio), e tenho várias neuras sobre a minha aparência. Não sou a mais inteligente, e sempre acho que estou muito atrás do que poderia. Definitivamente, não sou a mais confiante, porque dia sim, dia não, minhas pernas ficam moles. A verdade é que eu nunca vou ser tudo isso, e nem preciso. 

 

Eu sou complexa, imperfeita e confiante (às vezes). Eu amo e admiro quem eu sou pelo que eu sou. Aprendi que eu não me reduzo à minha aparência e que eu sou muitas coisas ao mesmo tempo. E se alguém tentar me fazer sentir insegura ou dependente emocionalmente com frases engraçadinhas e mal-feitas, meu riso solto vira uma carranca, e aí é – “Beijo, tchau”.  

 

Meu pai me chamava de Bruxonilda e dizia que eu era “ruim” igual minha mãe. Ele estava certo em partes, porque eu sou pior. Eu gosto dizer que sou um pacotinho (no diminutivo, por conta da minha altura) de personalidade. E que pacotinho. Inclusive, meu marido sempre fala que eu sou “ruim” também. Talvez eles estejam certos, afinal.

 

Eu faço o que eu posso para ser a minha melhor versão o tempo todo e é essa marca pessoal que eu "vendo" para as pessoas todos os dias. E se você "vender" bem e impor os limites, vai perceber que as pessoas vão pensar duas vezes antes de te desrespeitar, porque elas já entenderam que com você não pode tudo. E que bom!  

 

Nem tudo pode ser dito, nem tudo por ser feito. Eu imponho os limites que me ajudam a viver de uma forma que seja construtiva para mim. Eu quero comigo pessoas que me admirem e me amem de um jeito livre, sem pressão e toxicidade. Pessoas que venham para contribuir, e não para tentarem criar dependência emocional com frases tortas.  

 

- Um punhado de amor, por favor, acompanhado de Coca Zero. O julgamento e toxicidade não precisa trazer. 

 

Sei que é clichê, mas a verdade é que você tem que se amar e se respeitar para as pessoas te amarem e te respeitarem. Simples assim. 

 

Quando eu encontrei o meu marido, ele era uma pessoa muito diferente do que ele é hoje, e se você já leu a nossa história de amor, sabe exatamente do que eu estou falando. Tivemos muitas conversas, e eu sempre deixei muito claro que eu nunca permitiria que alguém me desrespeitasse, me desmerecesse ou bloqueasse os meus sonhos. Eu deixei claro que não acredito no "Felizes para Sempre", mas acredito em um relacionamento de troca, de aprendizado e que seja o mais incrível possível, enquanto o respeito, a admiração e o amor estiverem em jogo. Eu acredito em sermos bons um para o outro, mas não acredito em eternidade.  

 

De novo, que forte, né? Mas entenda, essa não sou eu falando, é esse pacotinho de personalidade que habita em mim. 

  

Eu adoro a Ruth Manus e um livro especificamente que me fez entender muito sobre amor-próprio e relacionamento, que foi o "Mulheres não são chatas, mulheres estão exaustas". Ela fala sobre tudo o que enfrentamos todos os dias para nos permitimos nos amar e nos aceitarmos pelo que somos. É um livro leve e muito gostoso de ler, que eu recomendo. 

 

A frase da minha mãe me ajudou a ver o caminho, mas é claro que eu tive decepções e ainda vou ter com muitas pessoas que aparecerem. E tudo bem, porque é impossível estar o tempo todo protegida. E quando a decepção vier seguida de choro, a gente respira, conta até três, marca a terapia e segue o jogo. Lembrando sempre que somos o alicerce das nossas próprias vidas. 

 

Eu ainda tenho uma longa jornada de construção, mas o que eu já decidi é que eu sempre vou ser independente, autossuficiente e livre – financeiramente e emocionalmente. E só vou aceitar nessa vida doida quem estiver disposto a jogar com as minhas regras quando o assunto são os meus sentimentos. 

 

Aqui, eu só vou aceitar quem me faz bem. 

Aqui, a prioridade sou eu. 

 

Beijos e até a próxima, meus curiosos. 

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