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Mais humor, por favor.

No meu caso, são poucas, pouquíssimas (dá para contar nos dedos) coisas que melhoram meu humor. Eu gosto de passar tempo de qualidade com as [poucas] pessoas que já conquistaram o meu coração e com as minhas cachorras; amo escrever; e não vivo sem minha rotina de exercícios e cuidados pessoais. Ponto. Deveria haver mais? Porque, basicamente, todas as outras me tiram do sério.

 

As coisas que arrepiam todos os meus fios de cabelo, criam nós na minha garganta e aquele aperto na boca do estômago, eu chamo de ruídos. “Ruído” é tudo aquilo que tira a gente do eixo, e nem deveria - porque não faz parte dos nossos pilares essenciais de sobrevivência e, muitas vezes, deveriam ser coisas simples de resolver ou lidar. É a louça suja da pia, a pessoa mal-humorada no metrô que você nem conhece, a sujeira do cachorro – ufa, a lista não tem fim.

 

Convenhamos que não importa o quanto você se organize e a sua vida pareça “perfeita”, os ruídos sempre vão existir, porque eles vão muito além do que você é capaz de controlar. As pessoas nunca vão ser como você gostaria que elas fossem (com elas mesmas e, especialmente, com você); cachorros são lindos, mas fazem sujeira (aceite isso) e podem destruir seus bens materiais (mas quem liga, certo?); e sempre (sempre – sempre – sempre) vai haver louças sujas na sua pia. Acredite. Eu já tentei.

 

Mas a maravilha disso tudo, não é elencar uma lista gigantesca de coisas que te irritam, e sim conseguir distinguir dentro desse grande surto que é viver, quais são as poucas, pouquíssimas (dá para contar nos dedos) coisas que te fazem sorrir e melhoram o seu humor. Não tem resposta certa e nem errada, e mesmo assim, encontrar a sua lista pode ser mais difícil do que você imagina – porque para chegar até ela, você vai ter que se conhecer muito bem. Mas é muito bem mesmo.

 

Toda vez que eu conto para alguém que eu acordo 4h30 da manhã, a reação da pessoa é “Que doida. Mas por quê? Você trabalha cedo?”. E eu respondo: “Porque eu gosto”. Eu sei, é muito estranho. Muito estranho, mesmo. Mas eu gosto, e tive uma jornada longa de aceitação, autoconhecimento e tentativas para chegar ao ponto de eu não me achar tão doida assim. E tá tudo mais do que bem. Mas é claro que não é porque eu gosto, que eu acho que você tem que gostar também. Meu marido, por exemplo, detesta.

 

O meu humor também é alimentado de boas amizades (claro que a minha família e meu marido entram nessa lista). As pessoas que eu posso ser eu mesma, sem querer agradar ou impressionar. As pessoas que eu posso demonstrar minhas maiores alegrias e as maiores fragilidades. Ah, e que muitas vezes também são o motivo e a descarga de todo o mau humor mal digerido dentro de mim. Fazer o que, certo? São os ruídos que, às vezes, acabam falando mais alto.

 

A verdade é que há muito bom humor dentro do mau humor, e vice-versa. Nem sempre vai ser fácil separar, nem sempre vai ser fácil desviar. Mas da mesma forma que você evita falar algo para alguém que você sabe que vai, preste atenção no que te magoa. E mais importante do que isso: preste atenção no que te faz sorrir. Porque ninguém vai descobrir onde mora o seu bom humor, se nem você souber.

 

Tente deixar umas louças sujas na pia (ou até invista em uma lava-louças) para ter mais tempo para brincar com o seu cachorro (se é isso que você ama fazer). Peça iFood em um domingo ensolarado para passar a tarde toda na piscina (se é isso que você ama fazer). Vista-se com aquela roupa velha para se sentir mais confortável, e permita-se a passar o dia todo com ela (se é o que você ama fazer).

 

A verdade, é que o caos nunca vai deixar de existir. Então, descubra o que (no meio de tudo isso) é capaz de te fazer sorrir.

 

Encontre o seu amor, o seu humor.

E abandone os seus ruídos.

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