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Bem-vinda, Fredda!


Ah, Fredda. Quem te vê com esses pelos lindos, com marcas quase perfeitas entre o preto, o marrom e o branco e esse rostinho fofo, não imagina o trabalho que você dá. Você bagunçou as nossas vidas, deixou tudo mais caótico, agitado e, definitivamente, eu nunca estive tão cansada. Ufa. Mas, na mesma intensidade, há tempos eu não estive tão feliz.

 

E olha que louco, meus curiosos (ou não). Um dia, eu estou aqui divagando sobre doenças da alma e formas – que eu acredito – que possam nos ajudar a deixar a vida um pouquinho mais leve, ressignificando nosso propósito. E no outro, chega a Fredda. Será uma coincidência? Ou foi tudo milimetricamente planejado?

 

O que eu posso dizer, é que não foi “do nada” que ela chegou em nossas vidas, até porque eu sou do tipo que planeja tudo [e muito]. O desejo pela Fredda (até então sem nome), nasceu do meu marido – e não de mim - há muitos anos. Mas para te explicar toda a história, vamos “começar do começo”. Que tal?

 

Em 2018, eu tive uma fratura no joelho e tive que ficar três meses em repouso absoluto em casa. Se para algumas pessoas isso já é difícil, para mim talvez seja até mais. Eu mal fico uma semana inteira sem me exercitar, quem dirá três meses. Foi um período difícil. Eu fiquei magra, minha autoestima caiu muito e... “oi, deprê”. Cheguei a pensar que nada ia me trazer alegria de novo tão cedo, até que... a minha primeira “coincidência” chegou: a Hanna.

 

A Hanna foi um presente para a minha mãe, e não para mim. Ela “chegou, chegando”, em todos os sentidos. Ela era pequena, linda, marrenta e brava. Muito brava. Tão brava que mordeu as minhas camisetas de coleção, deixando um pequeno [grande] rombo em todas. A casa do meu pai tinha quatro lances de escada, e mesmo sabendo que eu seria devorada por aquela Rottweiller destemida, eu descia degrau por degrau, com as muletas dos dois lados todos os dias, para receber um pouco a energia dela, que mesmo com tudo isso, era capaz de fazer eu me sentir melhor. Muito melhor.

 

Quase perdemos a Hanna para uma doença de pele que nos surpreendeu, quando ela não tinha nem três meses. Ela passou por tratamentos traumatizantes e gastamos muito em remédios, veterinários e em tempo. Quanto mais remédios e mais consultas, mais estressada ela ficava. E nós? Tivemos paciência e demos amor para ela. Muito amor.

 

Continuei descendo todas as tardes - sendo eventualmente mordida (faz parte) - e fomos a adestrando, com bons profissionais. Entendíamos que era uma fase, e que um dia ela ia perceber o tanto de amor que ela estava recebendo. E ela entendeu. Ô se entendeu.

 

Não demorou muito para a Hanna entregar tudo e mais um pouco. Ela é amorosa, confiável, leal e protege eu e minha família de tudo. A Hanna foi um presente para as nossas vidas, e nós fomos um presente para a vida dela. Um ganha-ganha do melhor tipo. Não é mesmo?

 

Bom, mas passou o tempo e, em 2020, no meio da pandemia, eu resolvi fazer um movimento drástico, e me mudei com o meu namorado (hoje, eu o chamo de marido) para um apartamento studio que parecia uma boa ideia no aplicativo do Quinto Andar. Já adianto que foi uma péssima ideia.

 

Dia sim, dia também, eu chorava de saudades da Hanna, de saudades do mato, das minhas corridas ao ar livre e do espaço (eu sou muito espaçosa). E fiz de tudo para tentar sair daquela “deprê que eu estava entrando novamente.  

 

Lembra que teve uma época que eu corria 20km? Foi nessa daí. Minha meditação foi o que me guiou para algo que pudesse me ajudar a ressignificar esse momento, descobrir outros amores e tentar me manter feliz e motivada. A corrida me salvou, a meditação me salvou. Mas ainda dava para melhorar, e algum elemento estava faltando. Mas o que?

 

Um dia, resolvemos ir tomar sorvete em um lugar bacana, próximo à Paulista. Sentamos em uma mesa na área externa, e um casal sentou ao nosso lado, com uma cachorra que eu não pude evitar em pedir: “Posso passar a mão?” E a mulher me deu um sorriso largo, e falou: “Claro”. Quando eu toquei aquela cachorra que eu nunca tinha visto na vida, eu sorri de uma forma tão leve, que meu marido olhou para mim e falou: “É disso que você precisa.”.

 

E, obviamente, eu falei: “Tá doido? Seria um pecado colocar um cachorro em um apartamento tão pequeno. Não é o momento.”

 

E não era mesmo.

 

Nós priorizamos outras coisas, seguimos nossas vidas, organizamos tudo para hoje, quatro anos depois, olharmos um para o outro e dizermos: “É agora. Chegou o momento”.

 

O momento foi escolhido, a Fredda foi escolhida, o apartamento que ela se sentiria melhor foi escolhido. Tudo foi cuidadosamente escolhido, a dedo, e com calma. Porque para a gente, cachorro é dedicação, cuidado, tempo e amor.

 

E ela entrou nas nossas vidas, com tudo prontinho para recebê-la de braços mais que abertos.

 

Ela veio para bagunçar, latir, causar, brincar.

 

E a gente? A gente entrou na vida dela para dar todo o amor e cuidado que ela pode ter. Afinal, tem que ser um ganha-ganha. Certo?

 

Estamos reenergizados.

 

Estamos motivados.

 

Estamos felizes.

 

E a alma? Ah, ela fica cada dia mais leve.

 

 

 

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